..".que tempos são esses, em que falar de árvores é quase um crime pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?" (Brecht:Poemas de Svendborg).
Sábado amanheci com fortes dores no corpo, na
cabeça, garganta. Em casa mesmo, fiz uma medicação sintomática com a velha
novalgina e esperei para ver. Ao anoitecer, tive febre e os sintomas pioravam.
Tomei outra vez medicação. De madrugada piorei. Havia um Posto de Saúde na Vila
Suiça que atendia noite e dia. Tomei desta vez 1 grama de Novalgina e parti
para o socorro do tal Posto.
Simplesinho,era uma
instalação impecavelmente limpa. Fizemos minha ficha de atendimento, havia
pouquíssimas pessoas aguardando atendimento. Estávamos por volta das sete ou
sete e meia da manhã, e então fomos chamados, a impecável enfermagem tratou de
medir minha temperatura que já havia voltado aos toleráveis 37,6º. Também
mediram minha pressão arterial e fizeram o teste de glicemia. Muito cordiais,
mostraram os resultados dos exames e depois pediram que eu aguardasse o médico perto
de uma sala quase em frente.
Também não
demorou muito. Lá veio um garoto, teria a metade de minha idade, não havia um
crachá perceptível. Então, o menino perguntou qual era a minha queixa. Contei
das dores no corpo, das febres, das novalginas que vinha tomando, das dores de
cabeça, de garganta... então, o rapazito bateu um papel no computador cuja
pressa não me deixou ler. Mandou-me à sala ao lado com prescrição de uma
Novalgina intra muscular e um Voltarem também no músculo. Perguntei a ele se
não era excessivo tomar mais Novalgina se eu tomara 1g há duas horas, e ainda,
se não haveria Voltarem oral para tomar. Lacônico, o pretenso doutor pegou a
prescrição e riscou com uma caneta a indicação de Novalgina, e depois
garantiu-me que não existia Voltarem oral ;sem mais palavras mandou-me para a
enfermaria a fim de receber minha carga muscular de diclofenaco.
Vai aqui,
doutorzinho de quem sequer sei o nome : Onde estavam seus abaixadores de língua
descartáveis? E o estetoscópio tão necessário uma vez que referi ter tido duas
pneumonias no ano anterior? E o otoscópio mais o speculum nasal para um exame
bem feito? Afinal, não havia fila de gente esperando ser atendida. E por que o Raio X não funciona nos fins de semana?
Ora, ora, isso é medicina que se preze?
Dia seguinte fui a um
médico particular que detectou uma violenta sinusite, carente de antibiótico
feroz. Que pena, doutor anônimo. Sujou sua memória e pôs em causa o serviço do
CEJAM. Agora estou melhor. É preciso que uma doutora lhe desqualifique o
atendimento porco do amanhecer de um domingo? Quando rasguei meu plano de
saúde, guardei minha fúria para defender o povo. E assim será.
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