sábado, 26 de outubro de 2013

ÉTICA, CIÊNCIA E POLÌTICA



Em 1559, o rei da França Henrique II, casado com Catarina de Médicis, foi ferido num torneio por uma flecha que lhe atravessou os olhos e saiu atrás da orelha. Sua austera esposa chamou o médico da corte para tirar a arma e salvar o rei, porém, o médico Ambroise Paré, percebeu que as chances de salva-lo eram nulas. Com medo da fúria da rainha, mandou então buscar alguns prisioneiros e, com flechas idênticas, repetiu a lesão que o rei sofrera. Depois, abriu a cabeça dos prisioneiros e provou à rainha que a seta havia atingido pontos vitais do cérebro do rei e ele não tinha salvação. Então, convencida, ela mandou tirar a flecha do rei e deixou-o  morrer em paz. O experimento do médico salvou sua reputação e sua vida. 

Quase quatro séculos depois, Hitler ordenou que experiências científicas fossem feitas em prisioneiros de guerra. Os médicos da equipe de Eichmann selecionavam as cobaias humanas, entre as quais interessavam os gêmeos, e a diversão pseudo-científica se desenvolvia tranquilamente. Foi nesse momento que a radiologia fez grandes avanços, mas mesmo assim, quando capturado em 1960, Eichmann foi condenado à morte e executado para alívio do mundo.

Aqui no Brasil, o experimentalismo é normalmente feito em animais, pois há um interdito proibindo que seja feito "in anima nobile", ou seja, em humanos. Desta forma, técnicas cirúrgicas e medicamentos são desenvolvidos experimentalmente em animais. Penso que todos conhecem pelo menos um ou mais casos de pessoas salvas por cirurgias cardíacas de implantes de pontes de safena. Pois bem, o ilustre cirurgião Adib Jatene que desenvolveu a técnica no Brasil, antes de cirurgiar um ser humano, testou a técnica em mais de 2000 cães coletados pela carrocinha , tratados, quarentenados no Biotério do Instituto Dante Pazzanese. E, toda instituição científica que se preze, tem seus Biotérios com uma rigorosa conduta ditada por Lei Federal. Logo, a ação dos vândalos no laboratório Royal que testava medicação contra câncer, diabetes e outros males, foi uma ação criminosa, pois o laboratório tinha muitos protocolos de pesquisa, todos acompanhados por uma equipe de médicos veterinários fora os pesquisadores da área médica que buscavam melhorar as condições de vida de milhares de doentes.

A partir desses dados concluímos que Mogi das Cruzes tem uma vereadora criminosa, insufladora de violência e ladra, uma vez que foi vista cometendo tais delitos no laboratório de São Roque. Pergunto, essa mulherzinha não praticou ato contra o decoro parlamentar? Por que não fabrica filhos e os cede para testes?
Da minha parte só posso dizer: "se fosse minha filha, ia tomar de mim uma gloriosa surra de rabo de tatu". O resto, que fique com a polícia e o laboratório. As provas contra ela estão aí.

Da minha parte só posso concluir que amo os animais, tanto que tenho três cães e dois gatos que brincam comigo, inclusive sobre a minha cama e os sofás da casa. Custam caro estes animais: Rações adequadas, banhos e tosas, everminação, lugar especial com areinha para fazer xixi e cocô, vacinas e atenção constante, tanto de mim como do meu marido que é Médico Veterinário. No entanto, sei que todos os medicamentos e vacinas que os meus filhos e nós mesmo tomamos, foram experimentados antes em animais de laboratório, conforme os protocolos de pesquisa de cada um.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

DULCE PONTES - Laurindinha - Canções Português

ESPELHOS QUEBRADOS



Li ultimamente uma biografia de Jean-Paul Sartre escrita por Annie Cohen-Solal e, esta biografia me fez reacender vontades de retomada do que se pensava no tempo do Existencialismo. Pude então confrontar as nuances opostas da educação dos anos 30 e a atual, que exaspera os professores, muitos alunos, enfim, os cidadãos em geral. Sartre e sua companheira, dois filósofos que rejeitavam todo o discurso institucional de sua época, foram professores de Liceus Franceses e se removiam de um Liceu a outro de acordo com o Departamento de Educação da época.

Pasmem os leitores,  retomei todos os escritos Sartrianos e também os de Beauvoir, uma pilha da qual já venci 2/3 e ainda há muito que ler. O casal era absolutamente libertário. Sartre, em certo momento de sua vida proclama: "Desde que perdi meu complexo de inferioridade em relação à extrema-esquerda, sinto em mim uma liberdade de pensamento como nunca tive...saber onde estou só tem sentido a partir de onde estava", e Beauvoir completa:"tudo gira naturalmente em torno das idéias de liberdade, vida e autenticidade". Esta é a abordagem existencial da realidade. As famílias burguesas da França viam o casal com restrições, mas os alunos rodeavam-nos sequiosos de saber, de viver, de compreender.

Tudo isso aconteceu antes da 2ª Guerra Mundial, no entanto os conflitos sociais eram bem parecidos, a insegurança deixava traços de medo, e Sartre não havia ainda escrito sua magistral trilogia "Os caminhos da Liberdade". Ele e Simone eram apenas um casal que viveu um amor de meio século sem contudo jamais passar um papel matrimonial em cartório.Nem sequer moravam na mesma casa. Mas eram de uma atividade impressionante. Seguidos por uma trupe de ex-alunos, caminharam a Europa inteira com as verbas restritas a que já na época os professores eram sujeitos. O que tinham, era uma cultura inabalável. Iam da compaixão ao confronto sempre refletidamente.

Mas, naquele tempo, o governo da França não colocava tropas nas ruas para surrar e até matar professores mal pagos. A não ser em conflitos de guerra, jamais um professor seria atingido por suas ideias ou reivindicações. Trabalhavam felizes, e carregavam consigo os alunos interessados nesta tal  liberdade existencial. Seguiram suas carreiras até que a França foi submetida pelo nazismo. Sartre foi para um campo de concentração de franceses prisioneiros donde foi libertado dois anos depois. Hoje não há necessidade de uma guerra para por em confronto professores e tropas armadas. Estamos chegando no fundo do poço, sem cordas para nos reerguer. Os alunos perderam o respeito pelas escolas, os pais parem nas sarjetas e soltam-nos sós nas ruas para estimular buscas de novas "sensações".