sexta-feira, 29 de junho de 2012

As Mulheres de Jorge Amado (I)

AS MULHERES DE JORGE AMADO (1)




São muitas as mulheres que Jorge Amado criou em suas obras: Gabriela, Dona Flor, Tieta e outras. Todas são altivas e cativantes, mas ele reserva um espaço para as velhas chatas, as beatas e fuxiqueiras. Os homens também são antológicos: Ramiro, Nacib, o falecido marido de Flor, o seminarista filho de Perpétua, e até o Quincas Berro D’Agua. É natural que Jorge Amado seja conhecido no mundo inteiro por suas histórias ao mesmo tempo picantes, violentas, ou cheias de críticas sociais. Então, podemos dizer que parte do que se conhece do Brasil lá no estrangeiro, aconteceu pelas traduções que se fez dos seus livros, e a lente com que este país é visto, reflete o que Jorge colocou em suas principais obras. No entanto, o escritor, para além da ficção, teve também as mulheres de sua vida. A começar pela mãe, mulher forte e poderosa no seio da família, ele teve uma primeira mulher, depois, foi viver com Zélia Gatai.

Desde sempre o escritor baiano se identificou com os comunistas. Fez parte do Partido Comunista, participou da constituinte pós Getúlio Vargas, fez passar a lei da liberdade religiosa (não entende História da Religião no Brasil quem não leu sua “Tenda dos Milagres”), mas, quando o Partido Comunista foi proibido no Brasil, Jorge partiu para a Europa onde ficou vários anos. O que temos de mais fidedigno da biografia do autor, nos chegou, no entanto, através dos escritos de sua segunda e eterna esposa, Zélia Gatai. Dela, podemos dizer que é uma das maiores memorialistas brasileiras, e por ela, ficamos sabendo das manias de Jorge, de seus amigos, de sua vida no Brasil e no Exterior.

Zélia lançou um primeiro livro, “Anarquistas,Graças a Deus”, para celebrar a vida de seus pais e a educação que recebera quando garota. A partir de então, ela escreveu um expressivo número de obras onde narra períodos da vida do casal no Exterior e no Brasil. Aí sim, ela expõe Jorge Amado através de uma lupa afetiva única, e, no mesmo pacote, conta das pessoas com quem o casal se relacionou, das alegrias e tristezas, das decepções no trajeto ideológico e assim por diante.

Fugidos do Brasil, fizeram primeiro ponto de parada em Paris. Lá, Zélia arrumou uma babá para seu filho, uma francesa que entendia o português uma vez que tivera um romance com um comunista brasileiro também foragido. Esta moça engravidara e o Partido Comunista não só separou o casal como fez a mãe mandar a criança para longe, por restrições morais impostas pelo Partido. A consciência desse fato invasivo da individualidade teria sido um dos primeiros a provocar mal estar no casal Zélia-Jorge.

Permaneceram na França mais um período, porém a França do Pós Guerra expulsou os estrangeiros comunistas, e então eles se mudaram para a Tchecoslováquia, onde ficaram alojados num palácio destinado a intelectuais. Jorge a essa altura havia recebido o Prêmio Stalin da Paz. O palácio ficou sendo o novo lar da família Amado. Zélia engravidou e, teve Paloma neste local.(Continua)

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