sexta-feira, 6 de abril de 2012

GENTE RESSENTIDA

Neste último domingo, li numa coluna deste jornal o artigo de um pressuposto artista plástico, destilando veneno contra a administração pública, intelectuais e doutores e, até mesmo contra alguns de seus colegas de profissão. Um destemperado, pensei. Esse sujeito quer se tornar a metralhadora giratória do município e para isso entrega aos abutres até gente que alguma vez se compadeceu dele. Ele atende por JAM, uma sigla artística que lembra o nome de empresa aérea e tem com as tais empresas, em comum, apenas a fumaça e o descompromisso social... Mas, de la para cá, fiquei matutando sobre os reais objetivos do desclassificado, até mesmo porque sua escrita é desconexa e ele não é claro no que reivindica. Tem um desafeto, isso fica claro, e suas setas voltam-se contra o Secretário da Cultura antes de atingir todos os outros.
Acho que não tenho mais paciência com o tipo encardido de pessoa que JAM é. No entanto, como pertenço à galeria dos atacados pois sou intelectual e doutora, resolvi, pelo menos em meu nome, responder algumas coisas ao milhafre bestão.
Um doutorado e uma carreira acadêmica não se constroem por sorte ou acaso do destino. São necessárias muitas horas de estudo, tempo infinito de raciocínio e maturação, a composição de uma tese consistente e, finalmente, uma defesa voraz do produto final com bancas examinadoras muitas vezes extremamente exigentes. Isso tudo exige do candidato um recolhimento e uma disciplina ardorosa. E quando se tem o diploma de doutor nas mãos, há ainda os que desqualificam esse esforço ou pretendem nem saber do que trata nossa esfera de pensamento científico.
A vida intelectual que começou muito antes do acesso ao doutorado, então passa a ser cobrada com vigor. A partir daí, prestei um concurso público, me tornei orientadora de pós graduação na UFRJ e precisava entregar sistematicamente os relatórios da minha produção científica. Assim, trabalhei 47 anos da minha vida, e, ao me aposentar, dei continuidade às publicações científicas em periódicos especializados ou me entreguei a este exercício de cronista por simples prazer. A vida com os livros me agrada bastante, e isso é tudo.
Sucede que, nos tantos espaços de sociabilidade, conheci muitos artistas plásticos da região, pessoas boas de quem adquiri obras de arte para meu deleite. Tenho muito respeito por todos. Respeito também a turma da música, do teatro e assim por diante. Comungo com todos a necessidade de um centro cultural para onde possam convergir, expor, aprender, etc. Mas não sou artista nem posso aceitar críticas emanadas de um sujeito sem eira nem beira do qual jamais vi obra alguma. Sugiro que aprenda a ter classe e profundidade com Rafael Puertas.

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