quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Toque de Recolher

CRIAR FILHOS

Este “Toque de Recolher” está dando o que falar. Alguém arrotou esta idéia de jerico e tem pais gostando. Pais fracassados, diga-se de passagem, porque pais competentes sabem que devem ter autoridade sobre os filhos e lhes dar bons exemplos. Depois, vem o Bufão do Planalto contra as palmadas...Vejam só, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come! Liberdade versus ditadura, simples assim, e os tapados acham que vão viver gozando dos benefícios de um ou de outro sistema social ou político. Tudo para justificar a incompetência de pais e governantes.
Sou mãe de família. Meu marido e eu, que lutamos contra a ditadura, criamos dois filhos, o Paulinho e a Madalena, trabalhando muito para que tivessem bons estudos e fossem respeitosos. Quando eram menores de idade, não os deixávamos sair sem conhecer o destino e saber que horas voltariam. Muitas noites fomos buscá-los nas festas, e seus dias eram ocupados com os deveres da escola e outras pequenas tarefas.
Deu certo? Penso que sim. Liberei-os aos 17, quando se tornaram alunos da USP, então entreguei-os ao mundo mais bem defendidos do que eram na infância ou início da adolescência. Agora, são adultos. Para minha alegria, Paulinho defende seu Mestrado na mesma USP, na metade de setembro. Mestrado, aliás, sobre Educação, Política e Sociedade. E Madalena, lança um belo livro sobre Mogi das Cruzes colonial, assunto a que se dedicou durante anos de pesquisa. Nossa felicidade de pais destes dois, é a compensação dos esforços de todos. É por isso que me irrita esse discurso de toque de recolher, além do discurso contra as palmadas.
Meus filhos não precisaram apanhar. Sabiam que a relação pais/filhos não era horizontal, e sim, vertical. Eles estavam lá para serem protegidos; nós, para educá-los e estimulá-los nas carreiras que escolhessem.
Agora que estamos mais velhos, muitas vezes somos importunados por uma garotada infernal que joga futebol na rua e estraga nossos portões. As mães assistem suas novelas. Mas, quando vejo jovens importunando os outros, sei que meu bairro não tem um único lugar onde possam jogar e se divertir como precisam. São órfãos de pais vivos e cidadãos sem governo que lhes ofereça destino. Assim, dane-se o Tobias, dane-se o Lula, danem-se os pais irresponsáveis. Educação requer cuidados especiais, tanto o Estado quanto as famílias tem igual responsabilidade. Precisam pensar que colocar filhos no mundo exige doação de si mesmo durante muitos anos. E o Estado, que se descaracterizou porque transferiu suas funções às empresas multinacionais, perdeu de vez sua autoridade. Às empresas, interessa apenas criar exército de mão de obra de reserva, para, no futuro abortar inconformismo de trabalhadores mal pagos.

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