quinta-feira, 17 de julho de 2008

ASSÉDIO

AS VÍTIMAS DO ASSÉDIO
Este tema tem sido abordado de formas variadas, principalmente a forma sexual, uma vez que o sexo faz parte da intimidade mais restrita das pessoas e é por esse viés que elas se sentem mais atingidas. De um tempo para cá, ganhou vulto a imagem do assédio profissional, muito comum também nas empresas e repartições onde o jogo de poder fica bastante explícito. Em ambos os casos, a figura do aproveitador é evidente; assim, vencido o medo do assediado, é possível tomar medidas práticas e mesmo jurídicas contra os que se usam de métodos excusos para agarrar sua presa ou obter dela comportamentos que lhe ferem as vontades. Mas há um instrumento bem banal, que se tornou um inferno na vida do cidadão comum. É o telefone.
O telefone encurta distâncias, economiza tempo, mas também franqueia nossas casas a invasores sem rosto, escondidos atrás de algum telemarketing. Resolvi contar o número de telefonemas que recebemos em casa para oferta de “produtos bancários” e de financiadoras. O número destas ligações superou três vezes as ligações recebidas de parentes e amigos. Quantas vezes precisei sair do banho, interromper uma refeição, um filme, uma leitura ou um trabalho de redação para atender àquela voz de aluguel que me propõe um negócio da China? Em casa, somos três pessoas que tem vida cadastrada e controlada como adultos normais. Não bastasse o lixo de papel que nos chega pelo correio através da venda odiosa de mala postal, ainda temos que conviver com o assédio de bancos, dos quais nem somos correntistas, que nos oferecem seus cartões, seu crédito, suas grandes vantagens, como se fossem nossos guardiões. Pior, o funcionário do telemarketing, quer nos repassar para um “consultor especializado”, e acaba levando uma saraivada de xingos que se agravam na medida em que o nosso saco vai ficando cheio. E eles persistem. Parecem carrapatos. Grudam no número do nosso telefone como se dele se alimentassem. E é assim mesmo que acontece. Os coitados ganham pouco e tem que suportar nossas explosões. Baixos salários para apanhar muito.
Tudo em nome de um patrão ganancioso e cruel.

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