terça-feira, 20 de novembro de 2007

Dia da Consciência Negra

Dia da Consciência Negra
A glória suprema do tempo é, que a cada ano, diminue o número de negros no Brasil. Diminue também o número de brancos, de japoneses, de tudo aquilo que antigamente se chamava raça.
Os casamentos mixtos deram ao nosso povo uma variedade tão grande de tipos humanos, que já é possível usar quando muito o termo etnia, nas causas que eram antes raciais. Tirando aquele porco bando de neo nazistas que circula por aí, o que se tem não é conflito de cor, e sim o velho conflito de pobres contra ricos, conflitos de caráter político e, principalmente morais.
A minha pele alva não pode se expor ao sol, mas a herança escura do meu marido, deu aos meus filhos a fortaleza que necessitavam. É isso. A escravidão negra acabou, foi substituida por uma exploração de ordem étnica que, esta sim, os afro descendentes precisam ajudar a por fim. E então, criaremos um quilombo para proteger os bolivianos que vieram ser escravos em São Paulo? Parabens aos que celebram a igualdade humana.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Ler,ler,ler.

Ler, ler, ler.
Se você é dos que pensam que a vida se restringe a baladas e programas de televisão, coitadinho, é que não tiveram a oportunidade de lhe ensinar como é gostoso ler. A leitura tem um encanto especial. Ela nos obriga a imaginar constantemente os cenários e as situações que o autor criou.
Num filme vem tudo pronto. Não é preciso idealizar nada, a idéia, a história e a sugestão, estão lá, prontas para digerir. A digestão da leitura é mais lenta, por isso mesmo o gosto fica mais tempo na cabeça.
Quando acabo de ler um livro, custo a me despreender dele. Deixo o volume na cabeceira como se ele fizesse parte de mim. Depois, o desligamento é vagaroso, mas a delícia fica.
Assim foi agora com La Suma de los Dias, de Allende. Estou um pouquinho maior.

sábado, 10 de novembro de 2007

Ivone e as meninas



Estas são algumas das minhas meninas. A Verônica, de azul, à minha frente, é aspirante ao Medievalismo. É fofa e t em garra. A Sandra é uma gracinha de advogada que trabalha com Antiquários. É doce demais. Sentada, na nossa frente, está a minha filha, Madalena, brilhante historiadora com mestrado em Brasil Colonial, História de São Paulo. Será que eu poderia estar melhor rodeada? Numa futura foto mostrarei as outras garotas, Juliana , Denise, Valéria e SandraII. Maravilhosas!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Natureza e Meio Ambiente

Natureza e meio ambiente - até quando teremos um mínimo de inalação limpa?
As grandes cidades tem altos custos com gastos hospitalares provenientes de complicações da população. O lixo está com a reciclagem ainda nos tempos das cavernas. Cachorros cagam e mijam nas ruas sem o menor escrúpulo dos seus donos. Joga-se montes de lixo nos riachos e rios. Desmata-se o Brasil como se as nossas matas não pudessem renovar o ar que respiramos.
Éh! Bem pouca gente tem o prazer de acordar com canto dos pássaros.
Salvar. Essa é a ordem do dia. Esqueça os corruptos do poder. Faça viver a quem de fato nos dá tudo de bom.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mulheres na Arte



As formas mudam, a essência permanece. Ivone

Antonio Olinto

Ivone
Lí os 3 livros do Antonio Olinto : A Casa d'água, O Rei de Keto, e o Trono deVidro. São os livros da melhor qualidade que lí ultimamente, e ainda estou lendo O Menino e o Trem. Nos 3 primeiros, ele descreve a saga dos ex-escravos negros que retormaram à mãe Africa, e levando conhecimentos aqui adquiridos, conseguiram ser muito bem sucedidos no retorno, enriquecendo, e a exemplo do que faziam os fazendeiros do Brasil da época, mandaram seus filhos estudar na Europa, principalmente na França e Inglaterra, os quais viriam a ser os futuros dirigentes de seus países.No segundo a descrição do modus vivendi do povo iorubá, com suas tradições, sua religião, sua cultura, seu sistema de trabalho e comércio nas Feiras, mostra os homens largando a guerra, e se tornando alcoolatras enquanto as mulheres trampavam de feira em feira. Asim elas sonhavam com novos filhos enquanto caminhavam às sombras dos imensos baobás.
Nunca tinha lido nada sobre o assunto, nem tinha nunca visto a mais tenue menção a este pedaço da História.
Parece incrível que nunca tivese lido nada do autor, e que nos cursos que fiz, não tenha recebido nenhuma indicação bibliográfica.
Antonio OLinto é ex diplomata e ocupa a Cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Letras.
Minha dica é : leiam Antonio Olinto.
MC, 05/11/2007 Paulo Aranha

Credo

CREDO

Não creio em Papai Noel.Menos ainda em Adão e Eva. Li muitas cosmogonias, a judaico-cristã, a greco-romana, as orientais, as iorubas, as guarani, a quéchua, etc. Para mim, a Bíblia tem valor histórico e antropológico. Também é divertida. O livro de Jó e os dois Macabeus são hilários, mas cada um tem um sentido doutrinal em suas intenções que me irrita muito. Jó é a consolidação da idéia da culpa, tão bem expressa na aposta de Papai do Céu com Lúcifer (eles também eram competitivos e se divertiam). Macabeus, extirpada de algumas versões bíblicas, é a apologia da Guerra Santa, esta mesma que atualmente tem deixado o planeta aturdido. A enorme frigideira que fritou os filhos da boa monoteísta porque não queriam sacrificar aos deuses pagãos, é digna de um filme de Buñuel ou Pasolini. Nem Bosh chegou tão longe em seu precoce surrealismo.
Também não creio em cirurgias plásticas e em cremes anti-celulite. Não aceito Ratzinger apesar de ter pelo Padre Vicente a maior admiração e respeito. Odeio pastores que lavam o cérebro de seus fiéis enquanto lhes esvaziam as carteiras, seja lá de qualquer seita a que pertençam. Assim também odeio os fazedores de viciados porque enfraquecem o poder de raciocínio das gerações futuras. Detesto Bush e a arrogância norte americana, tanto quanto todos os facistas, entre eles Hitler, Stalin e congêneres.
Mas acredito no ser humano. Creio no livre arbítrio e no bom senso. Amo as pessoas com quem vivo, creio nos discípulos que formei para a liberdade e soltei pelo mundo. Eles tem se revelado melhores que eu. Creio na imensa capacidade de recuperação dos aflitos,principalmente se tem ao seu lado gente de cara limpa. Creio na inabalável relação causa/efeito, em todos os assuntos que dizem respeito aos homens, aos animais, à natureza e ao planeta. Creio no amor ao próximo, porque creio no amor. Creio na meditação, na beleza do tempo que passa e transforma. Creio num mundo melhor, mesmo que se chegue a ele através de um caminho repleto de sofrimentos. Creio no ser humano, Amem.

Credo II

CREDO II

Recebi de muitas pessoas que leram minha última crônica Credo, uma avalanche de solidariedade. Hoje vou responder a estas pessoas o que sinto e talvez, elas também. Minha juventude aconteceu no tempo da ditadura. Não havia honestidade nem direitos humanos. Naquele tempo, uma leve suspeita nos levava ao cárcere, e eu sei quantas vezes isso aconteceu comigo. Em 1968, na semana da Pátria, uma ação guerrilheira seqüestrou no Rio de Janeiro o embaixador dos EUA. O governo trocou o americano por 15 militantes de esquerda entre os quais estava o cínico José Dirceu. Até a anistia, passaram-se onze anos, uns fugiram do país, outros foram trocados em novos seqüestros e, outros ainda se exilaram discutindo política nos cafés parisienses. Para nós que ficamos aqui, foi um sufoco tão grande, um morticínio tão cruel, que os remanescentes são chamados de sobreviventes. Neste meio estava eu. Em 72 e 73 fui alvo da repressão. Grávida de meu primeiro filho , tinha 26 anos de idade. Barriguda, tentaram me estuprar. Bateram em mim, jogaram-me violentamente contra as paredes daquele cubículo infecto do DOI-CODI. Na última prisão, fui devolvida à minha irmã num estado lastimável, e quando ela me deixou em casa, eu era um trapo e o sangue vertia vagarosamente entre as pernas. O médico me internou. O sangue era o de menos. A Pré-eclampsia podia matar. Um dia depois, ele abriu minha barriga frente ao meu marido. Nasceu um lindo menino de 3 kilos de peso. Eu o vi e foi tudo. Três dias mais tarde, ainda estava no oxigênio, e o pediatra me contou que meu menino morrera, seu pulmão murchou. De lá para cá nunca mais fui a mesma. Sou uma sequelada. E, a mim, não interessam ditaduras nem de esquerda, nem de direita. Só a liberdade pode ser o máximo ponto da vida. Por Deus e pelo meu filho perdido.
Então esperei a anistia. Depois vieram o Sarney, o Collor, O FHC e, finalmente o Lula. O projeto de neo-liberalismo neste país foi de vento em popa. FHC privatizou o que pode, e o Lula, traiu a todos, dando esmolas aos mais pobres e cortando direitos dos trabalhadores.Os desvios de verba se multiplicaram, a corrupção ficou endêmica. É por isso, meus amigos, que só me resta crer nos jovens que vem por aí. Que Deus os guarde.

O passado que não se apaga


O passado que não se apaga

Este ano completam 90 anos da Revolução Russa. O Encouraçado Potemkin, os Sovietes, tudo isto aparece como fotos num museu de antiguidades empoeirado e esquecido pelo tempo, afinal, o Socialismo acabou e as idéias de Marx morreram. Certo?
Errado! De acordo com uma escola alemã de pensadores e estudiosos da obra de Marx, o grupo Krisis, o que acabou no leste europeu não era socialismo, mas uma forma derivada de capitalismo, o Capitalismo de Estado. Esta análise já era feita por muitos autores sérios antes, desde os anos 30, pelos Comunistas de Conselhos, entre eles Pannekoek, Paul Mattick, Otto Ruhle, Amadeo Bordiga, etc.
Então, o que foi a Revolução Russa? O socialismo marxista vinha na Europa de uma conturbada tradição. Marx e Engels fundaram a I Associação Internacional dos Trabalhadores, cuja função seria coordenar as lutas pelo socialismo a nível internacional, por uma via revolucionária. Mas após a violenta repressão à Comuna de Paris, a Internacional se dividiu e se dissolveu. Após a morte de Marx, Engels e os jovens marxistas fundaram a II Internacional Socialista, cuja estratégia era a luta parlamentar: a social-democracia. Marxistas e anarquistas seguiram caminhos opostos. Mas esta estratégia deu no oposto do pretendido. Internacionalistas por natureza, os socialistas decidiram que iriam votar contra a I Guerra Mundial nos parlamentos. Mas na Alemanha, dominados por oportunismo, votaram a favor, traindo a causa.
Então, a I Guerra Mundial começou e com ela a devastação da Europa. Alguns socialistas inconformados, como Lênin e Rosa Luxemburgo, lançaram-se em luta para desarmar a guerra com greves gerais. Rosa foi presa e Lênin, exilado da Rússia. No final da I Guerra, ante uma Rússia devastada, com fome e custos humanos altos, os trabalhadores russos derrubaram a monarquia czarista e instalou-se um Governo Provisório, com a promessa de a Rússia sair da Guerra. Mas o Governo Provisório (social-democrata), aliou-se ao grande Capital e manteve a Rússia na Guerra. Isto desencadeou a ascensão dos Bolcheviques, liderados por Lênin, e a Revolução de Outubro. Lênin e Trotsky a lideraram, tendo os olhos voltados para a Alemanha, que tinha a indústria mais desenvolvida da Europa. A Revolução deveria ser internacional, mundial. Fundaram a III Internacional, ou Internacional Comunista.
Mas as coisas deram errado na Alemanha. Em 1918, após o fim da guerra, inicia-se a revolta operária. Mas o Partido Social Democrata no poder liderou uma violenta repressão, onde Rosa Luxemburgo foi assassinada. Sucederam-se várias revoluções na Alemanha, até 1923. A derrocada das revoluções na Alemanha acabou deixando a Revolução Russa isolada e sem se expandir. Após ter derrotado a invasão por um exército de 21 países, a Rússia estava cercada. Lênin então resolveu industrializar a Rússia, enquanto não ocorresse a Revolução na Alemanha. Saída: implantar um Capitalismo de Estado, nos moldes alemães-prussianos. Este não foi um processo tranqüilo. Foram introduzidos gestores burocratas nas fábricas, contra a vontade dos operários. As comissões de fábrica destruídas pelo governo, os sovietes atrelados ao Estado e ao Partido. Os sindicatos atrelados ao Estado. A fábricas e terras, expropriadas e coletivizadas pelos trabalhadores, foram estatizadas. Este processo não deixou de ter conflitos: uma greve geral em S. Petesburgo foi reprimida, um levante de marinheiros em Kronstadt sufocado pela força, e operou-se um massacre de camponeses anarquistas na Ucrânia. Todos resistiam contra o capitalismo de estado. No final, criou-se uma polícia política, a Tcheka. As oposições operárias foram suprimidas, a imprensa censurada, apareceram prisões políticas e campos de trabalho forçado na Sibéria. O governo russo defendeu a militarização do trabalho, indústrias, e outras medidas. A Rússia entrou na corrida pela modernização recuperadora e acelerada, e destruiu assim o que de fato tinha de comunismo e libertária. Talvez não houvesse saída, o socialismo não poderia dar certo num só país. Então, Lênin morreu e o poder foi assumido por Stalin (embora Lênin defendesse Trotsky como sucessor). Com Stalin, capitalismo de estado passou a se chamar de “socialismo” e iniciou-se um reinado de terror. Trotsky exilado, repressão política violenta, milhões de dissidentes enviados aos Gulags na Sibéria, etc.
Sobreveio o nazi-facismo pela Europa (como reação à onda revolucionária). A Segunda Guerra veio, devastadora, e a URSS pelo menos venceu Hitler. Depois, a Guerra Fria, e o lento desgaste do regime soviético. Mas este servia de modelo para as revoluções no mundo todo. Capitalismo estatal, industrialização forçada e sociedade de caserna eram sinônimos de socialismo. Pode-se dizer que a experiência mais próxima de socialismo que houve de fato foi durante a Guerra Civil Espanhola (1936-39), feita por anarquistas.
No final, o regime soviético (uma república “soviética” sem sovietes) caiu em crise, em 1992, pegando a todos de surpresa. Não conseguiu competir na industrialização com o Ocidente, mais desenvolvido. Então, os ideólogos do capitalismo liberal estouraram champagne e festejaram o fim do Marxismo. Mas estavam enganados.
Com os anos 90, a revolução microeletrônica instalou definitivamente o desemprego e o arrocho salarial a nível mundial, jogando a economia global em crise estrutural. Crise do Japão em 1992, dos Tigres Asiáticos em 1997, das bolsas em 1999, Argentina em 2001, crise do mercado imobiliário americano neste ano. Uma crise estrutural se instalou no mundo globalizado e avança lentamente. Simplesmente, o colapso da URSS não significou o “fim do marxismo”, mas sim o fim da modernização no Leste. E o começo da crise mundial estrutural do capitalismo, prevista por Marx há mais de 150 anos, em sua obra O Capital. O colapso da URSS não constituiu na refutação dos argumentos de Marx. Pelo contrário, a teoria do pensador alemão pode ser aplicada para analisar o fracasso do socialismo. A crise mundial, que hoje se manifesta no desemprego irreversível, na miséria, no retorno do trabalho escravo e superexploração (China), falência de empresas, o capital fictício nas bolsas, as guerras e a crise de financiamento dos Estados. Todas estas conseqüências confirmam de forma decisiva os argumentos de O Capital. Quem foi dado por morto vive mais. O velho profeta barbudo ressuscita em todo o mundo em novas análises teóricas desconcertantes e precisas, e que propõem um novo conceito de socialismo, muito diferente do que se conhece.
A Revolução Russa fracassou, acabou na verdade implantando o capitalismo na Rússia. Mas ela foi uma experiência histórica que moveu a fantasia de milhões e deixou lições para a humanidade. É importante lembrar dela, em dias que a barbárie social se alastra e os jovens não tem mais utopias.


Paulo Marques


Quem quiser saber mais, acesse a revista eletrônica Marxismo Radical:
http://marxismoradical.blogspot.com
Vale ler também: OS DEZ DIAS QUE ABALARAM O MUNDO, de John Reed
Assista se puder: Doutor Jivago, um dos mais belos filmes sobre a Rússia.