segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Orham Pamuk

Orham Pamuk
O prêmio Nobel de Literatura de 2006 foi dele. Turco, nascido e criado em Istambul (antiga Constantinopla), esse autor de pouco mais de 50 anos tem tres obras traduzidas para o Português. Neve, Meu Nome é Vermelho e Istambul.
A Turquia é um país islâmico que até pouco tempo não tinha posições radicais religiosas. O Estado era e ainda é(não se sabe até quando) separado da religião. Dentro de um liberalismo maior, Pamuk foi criado em Istambul e sempre viveu lá. Suas obras, contudo, vem revelando que a liberdade começa a ser gradativamente censurada pelo rigorismo religioso. Em Neve, ele aborda o caso de garotas que querem assistir às aulas em escolas públicas, portando o véu da submissão feminina. Algumas se suicidam quando contrariadas pelo diretor da escola leiga. Pamuk constroi um romance sobre a permanência de tres dias de um homem que foi à região pois nascera lá. Esses três dias são repletos de fatos que se contrapõe a cada minuto como um suspense comum. O livro é rico e sério.
Mais rico de informações por tratar de miniaturistas que enfeitam textos religiosos, é Meu Nome é Vermelho. Novo suspense criado pelo assassinato de um Mestre de Iluminuras, ele vê o assassinato pelo ângulo de todos os partícipes da nobre arte de escrever e iluminar. Livro belíssimo, coloca o leitor a par de uma cultura distante, a do Próximo Oriente, e de uma religião diferente, a do Islã.
Em Istambul, todavia, Pamuk se supera. O livro se apresenta como autobiográfico. No entanto, Pamuk não se imagina sem Istambul, sem o Bósforo, e, ao contar sua infância e juventude, a história de sua família, ele disseca o sentimento de HUZM, um tipo de melancolia, de nostalgia do paraíso perdido, uma tristesse romântica, dentro da qual vivem os moradores de Istambul,entre ruinas de um passado soberbo e dezenas e dezenas de minaretes, expostos cuidadosamente em sequencias fotográficas ou desenhos de viajantes do século XIX. O livro é soberbo, uma declaração de amor à cidade.
Orham Pamuk mora hoje fora de Istambul. Sua segurança foi comprometida com ameaças que sofreu após ter admitido que a Turquia, de fato, praticou um genocídio contra os armênios em 1915.
Leia Pamuk. Coisa de gente que tem sentimentos nobres.

Um comentário:

Anônimo disse...

bom comeco